a cumplicidade entre duas almas...

quarta-feira, novembro 28, 2007

foto: JN


vou viver para ali
vou
gritei
viver os minutos das horas
ali, onde os meninos brincam descalços a insustentável leveza da espuma
e os meninos grandes sorriem ao ritmo dos búzios
vou
gritei
vou para lá que não sou de cá
vou no olhar da mulher
daquela mulher
vou já



segunda-feira, junho 25, 2007

foto: José Silva Pinto



disseram-me que de cavalos eram feitos paus
que de princesas era feito amor
eram feitas,
amor
disseram-me que o pó brilhante do olhar era paixão inacabada
bonequinhos de chumbo a trautear com o vento
disseram-me que os pés encontrariam o seu rumo
e que os corpos sabem migrar
disseram-me que as árvores deixar-se-iam sempre trepar
para a visão atingir-te ao acordar
disseram-me, entre fios pretos, que o sal tinha mar
e que eras tu que me dançavas, que me sorrias e me deitavas ao luar

de resto, em todos acreditei

terça-feira, maio 15, 2007

construção pegada

foto: Catarina Cruz

reinventar um corpo
reinventar uma mente
reinventar uma palavra que se sente
reinventar como quero
reinventar como durmo
reinventar(-me) como suspiro profundo
reinventar uma cor
reinventar um olhar
reinventar um verde no mar
reinventar o toque
reinventar o leito
reinventar o beijo do peito
reinventar uma respiração
ancorada ao coração

terça-feira, fevereiro 27, 2007

foto: JN




VAZIO

como entardeceres sem pulsar

segunda-feira, janeiro 15, 2007

olhos de ver


foto: Rui Figueiredo




queria mostrar flocos de neve ao mundo. queria provar o quanto brilham na alma de um ser. mas no fundo era na corrida de trenó que ninguém o superava.
prateado, com o nome desenhado a letras encarnadas, verniz q.b., aerodinâmica de ponta, descia colinas em velocidade supersónica com a felicidade em seu regaço. longos prados brancos ornamentados em seus lados por tímidos mas brincalhões carvalhos verdecastanhos amparavam os sonhos dos que por ali assistiam.
com carinho revelava a graça do seu companheiro de aventura entre amigos convivas,

- Rosebud, com ele tenho o mundo a meus pés,

e o companheiro reluzia orgulhoso repousando na sua perna.
as colinas aguardavam todos os anos ilustre competidor. os mancebos das redondezas acorriam em massa quando o sentiam no local. lançavam desafios em fila tomando-lhe o gosto, acotovelando-se nos desejos de competir com o campeão, embora com o lúcido conhecimento do insucesso da missão, mas sorriam pois invencível o queriam. era merecida a fama e alegria geral.
Luís, paraplégico, mostrava ao mundo os flocos de neve a brilhar.

sexta-feira, dezembro 22, 2006


foto: Tiago Brandão



a morte não se deseja
a morte não se procura
a morte não se almeja
à morte nem tão pouco se fala
já a vida... às vezes dá vontade de não a viver
se não a podemos ter

sábado, dezembro 16, 2006


foto: Alexandre



chovem pétalas lá fora
são verdes senhor
como mão que afaga o peito
pé frio que busca o seu par
devem ser rosas encantadas
talvez cravos
ou mesmo orquídeas
mas são verdes senhor
sabem a miar de felino
caiem às bolinhas pequeninas
em mantos brancos de pureza
mas são verdes senhor
ornamentadas de encarnado
respiram paixão
flutuam de emoção
mas são verdes senhor
cerro os olhos e caiem aos milhares
e já não sei se são pétalas
se são estrelas
ou mesmo luares
mas são verdes senhor
verdes como o desejo de amar

quinta-feira, novembro 30, 2006

foto: Sonja


é simples

é pouco
é tudo
é querer viver para lá do respirar
é querer sentir para lá do ver
é onda revolta que choca contra o existir
é vontade de fundido dormir

é simples

é pouco
é tudo
é uma lágrima sentindo a felicidade
é um pé molhado de unha vermelha a massajar
é um respirar a soluçar
é um dedo que brinca na palma da mão

é simples

é pouco
é tudo
é um nariz que afaga o pescoço
é um umbigo que embala o ouvido
é um sonhar o presente
é um aperto de peito que vive contente

é simples

é pouco
é tudo


é querer o que não vejo
o que não sinto
o que não beijo
o que não abraço
o que não protejo
mas amo

segunda-feira, novembro 20, 2006

teoria da procura

foto: Olga Gonçalves



Tomás abeirou-se da cadeira e sentou-se na pontinha. a pastelaria Bem-me-quer é a sua fiel paragem pelas 17h. tem a sua mesa bem definida, ao fundo da sala, diz

- é para ver as flores beijarem os bolos.

sorria sem parar. sorria com tanta cor que pintava as mesas em seu redor. o coração encontrava-se saltitão, bochechas encarnadas, mãos transpiradas, os pés a baloiçar, pela primeira vez sentia o amor a desabrochar.
Margarida, doce como mel, tinha-lhe afagado a pele de menino e revelado


- não o vou esquecer,

decidiu comemorar. coca-cola, bolo de chocolate e 100 gr de gomas coloridas. elefantes, crocodilos e corações de todas as cores do arco-íris. começou nos crocodilos e acabou nos elefantes. os corações guardou-os para partilha delicada num fino guardanapo que repousou no seu bolsito das calças de bombazina.
por fim pagou, olhou e despediu-se com um aceno maroto.
Tomás, 85 anos, tem Alzheimer e muito amor para dar.

terça-feira, novembro 07, 2006

|...|

PIM


PAM


PUUUUMMMMM

segunda-feira, outubro 23, 2006

foto: Sérgio Redondo

eu não sou humano!
ferida aberta que sangra
eu não sou humano!
pulmão que suspira
eu não sou humano!
nódoa negra que lavra
se eu fosse humano
olhava as borboletas de frente
cortejava o arrepio na espinha
abraçava a chuva por senti-la minha
pulava e vivia
dançava e corria
inspirando a vontade de prefazer
adormecia a rir
e acordava a sorrir
tudo por afagar o meloso querer
eu não sou humano!
mas se eu fosse humano
ronronava por amar[-te]

sexta-feira, outubro 20, 2006


Tarefa: ser cúmplice

Objectivo: ser objectivo

Cumplicidade: amar-te

Amor: o teu

beija-me...



quarta-feira, outubro 04, 2006


foto: Graça


sonho contigo todos os dias

sensações a flutuar



e, por vezes...






ao deitar

foto: Robson Mereu

Carlos revoltou-se com a Vida
comprou um conjunto de porcelana da Vista Alegre
doze de cada
dizia "um para cada mês"
partiu os pratos de sopa
partiu os pratos rasos
partiu os pratos de sobremesa
partiu as chávenas de café


uma a uma

até as chávenas de chá partiu
todas menos uma
nessa cozeu as vísceras da Vida
nunca o vi com a vista tão alegre

quinta-feira, setembro 14, 2006

"a proximidade"

foto: Jean-Baptiste Mondino


TU
hoje acordei de palavra cheia na boca
TU
carinho alojado nos pés entrelaçados
TU
peito despido de entrega pronta
TU
cabelos veludilhos em lábios polpudos
TU
unhas definidas por cor primária
TU
pulos e voos na cama
TU
e os risos, sempre os risos
TU
gritava, gritava sem cessar
TU
TU
TU
pois era proximidade que procurava ao gritar

quarta-feira, setembro 13, 2006

sabor a canela


SABES,


este abraço que me comove
deixo o espaço solto...eternamente
a tua frase solta... frases que sabem a
canela
a memória desses afectos
em maré alta que é baixa
quando se ama com esta força
força essa que não existe
porque não soltas as asas
há caminhos que caminhei e brisas que senti



SABES,


tens que me dizer
tens que me dizer

antes de partires

tens que me dizer
depois de partires


são os afectos
são os afectos
quem me faz parecer triste...






deixa para lá!
tu não existes!

quinta-feira, setembro 07, 2006

saudade de sã vontade


foto: Filipa Mateus



saudades por quem quero viver
saudades de quem sou no verde sonhar
saudades de querer gritar

"o céu é azul, azul amar"
saudades do coração pular e eu nada conseguir dizer
saudades de adormecer apaixonado e apaixonado acordar
saudades de noites repetidas a sonhar-te
saudades de anjos vermelhos
saudades de não ter saudades
saudades de elogios cor-de-rosa
saudades de te ver reflectida na água dos sabores
saudades do que te quero dar
saudades de uma ALTURA que arrepia o sentimento
saudades com rumo à felicidade azul, vermelho… verde
azul, vermelho... verde
saudades do olhar que é beleza/mundo/doce de sentir e chorar
saudades da alegria que quero abraçar
saudades por te querer

quinta-feira, agosto 31, 2006

...
ESTOU FELIZ!!!!!!!!!

quarta-feira, agosto 23, 2006

foto: A. L.

"E tu que queres?",
perguntou a princesa toldada pelo desejo.


"Eu?!",
retorquiu o tímido mancebo devorando a certeza,

"Eu apenas quero lençóis de flanela abraçando sonos coloridos,
fotografar pés cujas curvas conheço-as decore,
reconhecer o cheiro mais belo do mundo num corpo só meu,
roubar beijos,
correr à chuva de mão dada,
acordar de mão dada,
viver de mão dada,
ver quatro pantufas no mesmo sofá,
viajar num peito,
contar sinais que não são meus e perder-me constantemente,
sussurrar «Eu gosto de tudo de ti!»,
abraçar alguém e sentir que abraço o mundo,
escrever bilhetinhos de amor e sorrir,
partilhar cerejas com doces olhares,
sentir uma leve respiração em meu peito e o amor a sonhar,
fechar os olhos e ver sempre o mesmo olhar.
Eu apenas quero ser eu mas ainda não encontrei a quem o dar."

terça-feira, agosto 22, 2006

foto: Paulo Madeira


meio corpo estremecia de timidez
o outro meio amamentava palavras que merecias
meio corpo afirma que passaram horas
o outro meio garante que foram segundos
meio corpo contemplava os seres em redor
o outro meio existia com um único olhar
meio corpo sentia os pés frios
o outro meio achava-se com as mãos a transpirar
meio corpo tinha vários assuntos na manga
o outro meio só pensava em abraçar
meio corpo queixava-se da pluviosidade
o outro meio divertia-se a pintar o arco-íris
meio corpo transformava as pedras em verde esmeralda
o outro meio rodava as estrelas para as melhor acomodar
meio corpo sorriu
o outro meio com alegria se viu
meio corpo deixou-se ficar

o outro meio afastou-se e foi sonhar

sexta-feira, julho 28, 2006

título?


SABES?
tenho medo de te perder...
tenho tanto medo de te perder ...
que... sabes?
acho que nunca te vou ter!
assim...
nunca te vou perder!

quinta-feira, julho 27, 2006

foto: Daniel Espírito Santo


tenho andado a evitar-me
tenho medo do que me possa dizer
do que me possa fazer sentir
desta realidade pútrida que me quero forçar a engolir
até os espelhos parti
e em imagens fragmentadas me vi
e os que não consegui partir
minha imagem reflectida deixou de existir
um olho aqui
a boca acolá
e eu no fundo nem lá nem cá
tenho andado a evitar-me
tenho medo do que poderei ouvir

sábado, julho 08, 2006


saltar daqui para aí
saltar daí para aqui
por vezes sinto aquela vontade de enfiar a cabeça dentro de um pedaço de gelatina feita pela avó num domingo de festa em que eles vinham e sentavam e sentiam e falavam e diziam e eu olhava e pensava....
não quero crescer...
quando for grande vou ser...
pequenino!
consegui pequenino!
consegui ser grande e pequenino!
pequenino!

quinta-feira, julho 06, 2006

Sou um guardador de corações
Guardo-os para que à margem
Da disciplina de

Eu amo
Tu amas
Ele ama
Nós amamos
Vós amais
Eles amam

Seja passível de amar ou ser amado

Ser amado
Ou amar

Sou feliz?
Não sei!!

sexta-feira, junho 30, 2006

um mundo lá fora

foto: João Santiago

corvos e abutres em voos planares
olhares rechonchudos
desejo de carne viva e apática
fluidos magros de cores e sentidos
com travos a momentos efémeros
um mundo lá fora…
será irreal?
como pode existir escuridão tal?

venham para dentro
saiam do vento

com essas respirações rarefeitas
ainda pó há-de pousar em vontades ao altar
neste viver de mundos paralelos
sobrevivo perpendicular

terça-feira, junho 27, 2006

Junto envio a parte com cor da minha alma
as almas têm segredos
os abraços têm suspiros
os beijos têm dor e sabor...
fio de saliva...
há segredos que são guardados até no último suspiro
se o dissesses morrerias!
Acho que a tua voz era som mudo se o gritasses bem alto
Há duas almas que se conhecem? Profundamente? Será?
O azul conheçe o mar como ninguém
O amarelo o Sol
água!
Caricatura de mar e máscara de tristeza absoluta e viva!
Vou procurar conchas que me digam o segredo do mar ele sabe o de todas as almas..


Sabes...
O coração da minha alma já se apaixonou!
Dizem que só se apaixona uma vez...


Tenho medo do amor...
Tenho medo da paixão...
Tenho medo de mim...
Tenho medo do medo...

sexta-feira, junho 23, 2006

foto: Filipa Mateus

senti um sopro que abraçava meu ouvido
quenttiiinnnhhhooooo
depressa colocou meu coração bem apertadinho
estagnei logo a marcha
aos pés almejei uma estátua
à cara ordenei um largo sorriso
vesti meu fato de domingo
aos lábios ensinei voos de borboleta
despertei os sonolentos sentidos
chamei o amor para assistir
e disse à paixão também para vir
o futuro jurou carinho
o presente prometeu rebuçados e alegrias
por fim, como de mansinho
a coragem apareceu confiante
com palmadas nas costas e dança espampanante
lá foi dizendo
lá foi convencendo
podes virar-te meu panda azul-violeta
podes mostrar-te
e foi então, com o coração nas mãos
braços bem esticados
olhos de criança
que voltei meu corpo para o entregar
a todos vi

menos a ti

quarta-feira, junho 07, 2006


som
luz
ideia
mudança
se mudares, muda para uma ideia..
ela faz-te voar!
se fores, volta com o som, um som de sal, um som de luz!
se tiveres asas voa, se tiveres alma sonha, se tiveres amor cria!
podes prová-lo?
serão válidos todos os materiais do pensamento para te sentires finalmente... ideia!
se todas as cores fossem tuas qual escolherias para partilhares?
o azul do mar?
o azul da minha alma!
sinto-te!
toco-te!
beijo-te!
duvido!!!!

sábado, junho 03, 2006

foto: sweetcharade

esta força que me sopra compulsivamente
arrasta sentimentos rasteiros
por entre folhas cabisbaixas
enlaçando sacos largados por desprezo

no escuro de largas visões
enrosco-me encolhido à parede negligente

(tão parecido este sentimento de puro ser rente)
com temor de voar ao largo do querer
assola-me num travo receoso
a querença que me leves para onde quero ir
aos tropeções, empurrões
quedas estrondosas e desejos anões

leva-lhe meus pensamentos
diz-lhe que meu corpo é o que menos interessa
pois dar-lho-ei por inteiro
pede-lhe um suspiro e um afago
e traz-mos num instante
embrulhados em cartão canelado
para com eles dormir
e a busca no amanhã engolir

quarta-feira, maio 17, 2006

...

Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi
Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi Doi


muito...

segunda-feira, maio 15, 2006


TU ÉS ÁGUA!!

( )


ÁGUA!

não amo!
não quero amar
amar destrói
amar corrói
amar dói
amar é pouco
amar é nada
amar é lá coisa alguma
amar bate
amar magoa
amar não perdoa
amar derruba
amar mete nojo
amar embrutece
amar ofende
amar chora
amar faz chorar
amar cheira mal
amar mata
amar faz matar
amar é para os fracos
amar é para os rendidos
amar é para os vencidos
amar que vá para a merda
amar que vá para a puta que o pariu


Que quero eu então?
apenas quero amar-te
amar-te com paixão

quinta-feira, maio 11, 2006

hoje descobri algo de novo em ti, meu pequeno!
vejo que és capaz de conservar o teu bom senso
e a calma? quantos (outros) a perdem
sou capaz de confiar em ti!
quantos de ti duvidam
és capaz de esperar?
és capaz de sonhar menino?
sem que esse teu sonho te domine, te faça lembrar aquela dor...
és capaz de ouvir a verdade que disseste, e a mentira que disseram?
e a tua caixinha encarnada? sente-la tranquila? quente?
és capaz de ver destruído o ideal de uma vida (inteira?)
Enfrenta!
Descobre!
Cresce!
és capaz de falar e ficar digno e indignado?
Se assim fores, serás um homem? Um homem!

foto: João Oliveira

não consigo dormir!
a persiana brame insistentemente
vítima de um vento iracundo que magoa o silêncio
revoltado com causas desconhecidas do comum mortal
mas que de certo o vilipendiaram
tornaram-no amargo
alguma lhe fizeram...
a este vento que me rouba o sonho


pergunto-lhe por notícias de
se o expulsaram de sua casa
de seu coração
se lhe roubaram a inocência
e toda a sua paixão

com uma garrafa de serenidade aberta
sentados à mesa com pedaços de convívio mastigado
começou por me contar que foi enganado
que o tentaram aldrabar
prometeram-lhe roçar de pés
toques suaves
orgasmos fundidos
prometeram-lhe que o afagavas com teus olhos de cereja bem doce

prostrado por alegrias de palitar dentes
cambaleia num ritmo pusilânime
que dá dó só de ver
e dói ao cheirar

segunda-feira, maio 08, 2006

sou eu!

o sr faça favor de dizer que ama!
diga que ama, mesmo que lhe doa!
mesmo que sinta que quem ouve não sente!
amo com dor!
o sr faça o favor de dizer que sente!
diga que sente, mesmo que lhe doa!
mesmo que sinta que por quem sente não o ouve!
o sr faça o favor de dizer que lhe doi!
diga que doi, mesmo que ame!
mesmo que sinta que a quem doi é ao sr!

o sr faça o favor de dizer que é!
diga que existe, mesmo que ausente!
mesmo que ausente lhe diga que a quem doi é ao sr!
o sr faça o favor de dizer que é livre!
o sr faça o favor de dizer que é justo!
o sr faça o favor de dizer que é verdadeiro!
o sr faça o favor de dizer que é seu!
o sr faça o favor de dizer que se vá foder!

quinta-feira, abril 27, 2006

foto: Paulo César

os primeiros fios de um sol convicto esgueiravam-se por entre cortinas coloridas
algodão doce
quando senti a tua maviosa respiração debruçada sobre meu ouvido

esbocei aquele sorriso que tantas vezes disseste teu
sim, com a covinha. com a tua covinha

ao me sentires acordado teu coração acelerou
encontrava-se bem enterrado nas minhas costas
(desejando a fusão como o meu)

o indicador da tua mão esquerda
o mesmo que dizes apontar-te o futuro
iniciou um percurso lento e meloso delineando minhas rendidas feições

arrepiei-me

a um ténue suspiro saboroso dei sustento quando o senti escondido por trás de minha orelha
era só o início
o percurso indiciava meus lábios receptivos como apeadeiro final
aos poucos a minha respiração adquiriu brilho próprio acordando preguiçosa mas fogosa

com um beijo suave e jucundo no meu submisso pescoço provocaste um despertar dos sentidos

senti-me amado

foi com um toque meloso que a tua língua deslizou do local beijado atingindo meu ouvido num percurso que me desenhou a face e que senti bem cravado na espinha

e então sussurraste como se nada mais existisse no mundo:

- És meu! Vou cuidar de ti.

nunca te revelei mas nesse momento soltei uma lágrima
a soluçar apenas consegui confessar-te:

- Amo-te mais do que a mim...

ao acordar não te encontrei
e ao voltar a adormecer foi apenas para te procurar
pobre inocente

segunda-feira, abril 24, 2006

instantes só meus

foto: José Silva Pinto


este quase nada onde vivo alimentado
para onde me levaste e lá me deixaste
é frio.
arrepia este corpo escarnecido
lembras-te quando o amor era a procura?
lembras-te quando era essa a fonte do viver?
quando de arrepio na espinha se fazia um aperto?
doce conjugar de mãos e inocentes sentidos
(senti-me tão pequenino)
beijos a voar em densos ambientes
recebidos por sorrisos tímidos e carentes

por entre a brecha de mais um cruzar de pernas
observo-te estarrecido com imperfeições perfeitas
pelas quais senti-me conquistado
aos poucos aos poucos
lembras-te quando com danças de olhares pulava a caixinha encarnada?
como me apertavas o peito, instantes só nossos...
como desejava tuas mãos a circundá-lo, instantes só meus...


com um simples recostar apartaste dos meus olhos o mundo
o mundo que te queria dar

terça-feira, abril 18, 2006

olhares prolongados

foto: JN


este azul que me saboreia numa intimidade inigualável
oferecendo-se para minha posse por breves segundos
envolve-me com sorrisos e choros
permite pintar a cumplicidade
delinear o brilho do desejo com raios madrugadores
fusão de epidermes
movimentos certeiros
nutrindo o coçar de alegrias unas, límpidas, translúcidas
devoradas minuto a minuto por um tempo

um tempo macio
incansável este tempo de movimento coxo
que nos beija com o riso da perfeição
e com palmadinha no rabo nos aponta o futuro
piscando o olho com matreirice

este azul por quem vivo na busca de mim
com cara de bebé pequenino-pequenino
sorrio quando me olhas assim

segunda-feira, abril 10, 2006


uma lágrima morreu-me nos lábios
uma lágrima que queria viva
que te queria dar
para que cuidasses como tua
na esperança de uma vida futura
viveria para ela
esta lágrima que te queria dar
para contigo chorar
e assim poder amar

brincar

beijar

flutuar

tudo por ti na perfeição do sonhar
como seria cristalina esta nossa lágrima
aquela que te queria dar
para com ela no crepúsculo te abraçar
e com nuvens brancas te segredar:
“é contigo… é contigo meu amor que meu coração vai morar.”

morreu-me nos lábios uma lágrima que te queria dar

segunda-feira, abril 03, 2006

foto: AP

Shiu
não entres por essa porta de vidro fusco
a certeza do bem querido está mais além
sentada num banquinho de madeira
mastigando beijos de alecrim
sorrindo pois será tua companheira


Shiu
não queiras a lambidela pedinte
as riscas arco-íris estão sentadas a teu lado
esperam por palavras prometidas
num aperto bem chegado ao peito
com a força das mãos consumidas

Shiu
não mordas o passo de sentido seguro
o roçar da empatia molhada está mais além
baila com doçura e desejo
sugando fantasias açucaradas
gritando com feroz traquejo


Shiu
não queiras essas gomas coloridas
o beijo redentor será de degustação eterna
encontra-se numa caixinha de papelão encarnado
lá nos confins da perfeição
com laço azul bom-bom bem apertado